sábado, 12 de maio de 2012

Mulher Mat(r)iz no terceiro Salão do Livro de Guarulhos

MIRIAM ALVES

e seu novo livro

MULHER MAT(R)IZ


Moema Parente Augel, Universidade de Bielefeld (Alemanha). Escreveu no prefácio do livro:
Conheço Miriam Alves desde 1985. Conheço-a como escritora, como engajada defensora dos direitos dos afrodescendentes e da mulher, principalmente da mulher negra brasileira. Conheço Miriam, a cidadã-mulher-negra-escritora, como ela gosta de autodenominar-se, como intelectual séria, consciente... e conscienciosa, que exerce grande influência nos ambientes onde atua, contribuindo de forma decisiva para a valorização dos afrodescendentes e a divulgação da literatura negra brasileira no Brasil e no exterior. Nutro a maior admiração e o maior apreço por essa escritora que pode ser considerada, sem favor, como das mais representativas da literatura brasileira contemporânea.

Foi com grande satisfação, pois, que aceitei o convite de Miriam Alves para apresentar Mulher Matiz. Suas onze “Prosas” foram compostas ao longo de mais de vinte anos de atividade literária e engajamento político-social, sempre a partir do crivo do olhar do afrodescendente que procura expressar a realidade vivencial do Negro no Brasil. A linguagem e a temática dos contos em Mulher Matiz ressaltam um processo de afirmação da identidade feminina, das conquistas da mulher negra – e não só. A própria autora explicita a base comum que funciona como fio condutor deste conjunto de estórias: “os contos aqui agrupados revelam o universo da mulher afro-brasileira em suas várias possibilidades vivencial-afetivas”.

Está-se frente, nesta coleção de contos, a textos ousados e inovadores, envoltos numa linguagem fluida e fluente, retratando ambientes em que o cotidiano se entrelaça com o mágico, o irreal ou o absurdo, convidando, pelo desusado e pela surpresa, à reflexão. Apesar de se tratar aqui de estórias que correm num plano individual, está subliminarmente presente outro plano que possibilita que um coletivo marginalizado ou inferiorizado surja nas entrelinhas e deixe emergir outra história. Como intelectual e escritora, Miriam Alves está profundamente convencida do papel de sua literatura e de sua militância, a partir do próprio referencial como afrodescendente. “As experiências vivenciais e emocionais do negro no Brasil”, afirmou ela numa entrevista em 1999, sempre nortearão sua vida: “eu vou estar sempre escrevendo essa experiência negra em todos os sentidos [...] narrando a realidade vivencial do negro no Brasil[...] Essa é a função do intelectual negro, esteja ele em que situação estiver”. E, concluindo aquela entrevista que guarda completa atualidade:“Qualquer escritor é a fala do seu lugar. Mayakoviski foi a fala da revolução russa. Não estou dizendo que estou fazendo uma revolução. Mas EU SOU A FALA DO MEU LUGAR”.

 

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